quinta-feira, 14 de junho de 2012

UNILA: Amiga ou Inimiga?


A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) é um projeto inédito na América Latina e marcado pela preocupação com a multiculturalidade, bilinguismo e interdisciplinaridade tanto no ensino, como na pesquisa e no relacionamento com o entorno social, na Região Trinacional. (Fonte: Site da UNILA). A Universidade está instalada em Foz do Iguaçu há quase três anos em instalações provisórias enquanto sua sede está em andamento e quando concluído atenderá dez mil estudantes, sendo a metade (cinco mil) estudantes brasileiros e a outra metade de estrangeiros oriundos de toda a América Latina e do Caribe.

Nos últimos dias, diversos fatos têm ocorrido fazendo com que a imagem da instituição e corpo discente seja afetada negativamente. Fatos estes explorados amplamente pela mídia televisiva local, o que tem gerado um mal estar entre a sociedade iguaçuense e os estudantes da Unila de forma generalizada. Não convém aqui entrar numa discussão sobre esses fatos e muito menos quem está certo ou errado. O mundo está cheio de pessoas certas e erradas que defendem seus pontos de vista até as últimas conseqüências gerando assim ódio e intolerância. Mas é perigoso julgarmos todo um grupo heterogêneo em função de alguns atos isolados. Toda vez que generalizamos corremos o risco de cometer injustiças e julgarmos quem não tem nenhuma relação com os fatos.

Nas moradias há estudantes de diversas nacionalidades e diversos locais do território brasileiro, pessoas que são filhos de alguém, irmão de alguém, que deixaram suas famílias, costumes, clima entre diversos outros fatores acreditando no imenso e desafiador projeto Unila. Foz se tornou sede desse projeto pela diversidade de grupos e proximidade de fronteiras com outros países. Por se tratar de um projeto inovador e grandioso, é claro que problemas surgem, mas a soluções são dadas com o decorrer do tempo, é um aprender com os erros, e não punir simplesmente por punir.

Os fatos envolvendo alunos da instituição tomaram proporções gigantescas através dos meios de comunicação da cidade, não queremos aqui esconder nem omitir os fatos ocorridos, mas a forma como isso tudo tem sido tratado é como se Unila estivesse formando vagabundos, delinqüentes ou bandidos, quando é justamente o contrário. Toda Universidade tem a missão de trabalhar em prol do desenvolvimento do local em que está inserida, desenvolvendo projetos, apontando soluções para as diversas problemáticas que a sociedade apresenta. Este deve ser o olhar da cidade para com a Universidade que nela se instala e não o contrário, como sugerem as reportagens veiculadas nas últimas semanas. Esta é também a missão da Unila, além do seu aspecto mais abrangente a nível de América Latina

Os alunos que vem de outros locais e inclusive alguns moradores de Foz do Iguaçu, que não possuem maneiras de se sustentar tendo em vista que a maioria dos cursos é de período integral recebem auxílios do governo como moradia estudantil, vale alimentação e vale-transporte. Infelizmente no nosso país é a exceção e não a regra, mas abre um precedente para que no futuro isso seja aplicado em outras instituições. Não podemos julgar as pessoas porque recebem estes benefícios. É evidente que aquele que é beneficiado, deve agir com coerência, sabendo que não é de graça que estes benefícios chegam até ele, mas isto não será determinante se este estudante irá estudar mais ou menos, se a sua conduta será exemplar ou não porque existem outros fatores que influenciam o comportamento humano que extrapolam o ser ou não beneficiado.

E estamos aqui falando de seres humanos nada além disso, que antes de serem moradores de Foz do Iguaçu, do Japão ou da China, são seres humanos. Fronteiras imaginárias não podem ser transferidas para dentro de nossas cabeças, nos fazendo excluir e julgar simplesmente por julgar, criamos um ideal do que é certo e colocamos uma linha que divide esse limiar, são dois lados: um é onde você está e na outra extremidade o seu semelhante. Lados opostos existem em guerras, o que aqui não é o caso, se trata mais do caso de um diálogo e troca. Fiquem de olhos abertos, pois os ventos da primavera de outubro começam a soprar em pleno mês de junho.

Anderson de Oliveira e Edson Alencar de Farias Acadêmicos do 3º semestre do curso de História – UNILA. Moradores de Foz do Iguaçu a 20 e 35 anos respectivamente.

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