Por Fernanda Regina.
Marxista! Para você o que é “marxista”?. Não vou aqui explanar sobre o termo, mas vou dizer que para muitos ele é um xingamento, uma forma de humilhar, como se outro (o marxista) fosse uma espécie estranha, um criminoso, um contraventor. Ah sim, a melhor definição: um subversivo, como se dizia no período da ditadura.
O episódio ocorrido na noite de domingo (3) quando policiais militares de Foz do Iguaçu, sob a alegação de uma denúncia por perturbação de sossego estiveram em uma moradia da Unila, me fez refletir sobre o termo e sobre o preconceito. A moradia foi palco de um conflito entre PMs e estudantes, um deles, estudante de Sociologia foi “acusado”, de “marxista”.
O que causa estranheza no caso não é a postura do policial, pois talvez, ele nem saiba quem foi Karl Marx, mas sim, a postura de muitos outros cidadãos da cidade, que baseados nas primeiras informações sobre o assunto iniciaram um debate preconceituoso a respeito da presença daqueles estudantes na cidade. Muitos destes, também estudantes de outras universidades, que ao invés de saberem sobre a realidade dos fatos, preferiram manifestar seu desgosto com os estrangeiros da Unila, com aqueles estranhos, “marxistas”, “comunistas”, “anarquistas”...
Não irei aqui dizer que os alunos da universidade da integração são anjos, até porque ali, existem pessoas das mais diferentes situações e histórias de vida, estrangeiros, brasileiros de outros estados, enfim, jovens das mais diferentes origens e situações. Fato é, que quase todos vivem longe de suas famílias e formam ali, entre eles mesmos, sua outra família, o que lhes dá sim, o direito de se reunirem, comemorarem o que quer que seja – é, claro, dentro dos limites existentes na sociedade.
O som que teoricamente havia perturbado vizinhos do hotel Passaport, ou melhor, da moradia Quebrada do Guevara, partia de duas caixinhas de som, dessas de computador, ligadas a um celular. Havia um violão e haviam vozes. Depois disso houve truculência, houve despreparo e houve preconceito. Não consigo imaginar outra palavra para justificar a ação e os posteriores comentários do tipo “somos nós que pagamos por isso”. Ou seja, uma parcela da sociedade indignada por pagar com seus impostos para que estudantes “baderneiros” provoquem confusão na cidade.
O vídeo divulgado hoje mostra claramente como alguns fatos daquele triste episódio realmente aconteceram, bem diferente das primeiras versões divulgadas por setores da imprensa iguaçuense. Com este acontecimento, ficou nítido que esta tão propagada “harmonia entre os povos” e a integração latino-americana ainda precisa caminhar muito para alcançar sua plenitude.
Fonte:
Materia nova na UNILA, Como enfrentar, e jogar bebida na cara da policia, E VIVA A INTEGRAÇÃO...
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