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Por: Rafael Gomes
IndignaçãoOs paraguaios, na sua maioria estão indignados com o que acusam ser um "golpe, praticado por corruptos que querem voltar ao poder à todo custo", declarou uma manifestante que se manteve em vigília junto à centenas de pessoas que chegavam de todas as partes do país, na madrugada desta sexta-feira.
Para os líderes, que discursaram durante toda noite, as acusações são rasas, puramente políticas e têm como pano de fundo as mudanças que o presidente está conduzindo, sobretudo no que diz respeito à distribuição da terra.
O movimento Frente Iguazu, que congrega mais de vinte organizações sociais que foram decisivas na vitória do presidente em 2008, está mobilizando em todo país caravanas de trabalhadores que chegam a todo momento a Assunção.
Na capital, o clima é de tensão. A multidão aumenta a cada hora, e aos poucos preenche a Plaza de Armas, na frente do congresso, cercada por uma muralha de quatro mil policiais. Nas rádios do país, o apelo é para que a população se mantenha em suas casas. O clima entre os populares e alguns meios de comunicação é hostil. A maioria não acredita nos grandes meios de comunicação e dessa forma, o apelo das rádios, surte, em certa medida, efeito contrário. Para amedrontar e alarmar a população, os meios sentenciam a renúncia do presidente, para evitar o que eles estão chamando de "risco de derramamento de sangue".
Acusação
A oposição, liderada pelo Partido Colorado acusa o presidente de "mal desempenho das suas funções" e na tarde desta sexta-feira levará Fernando Lugo a julgamento político sob outras cinco acusações. Segundo a oposição, pesa sobre Lugo omissão de atividades políticas partidárias no interior de quartéis militares; invasão de terras privadas; insegurança a que atravessa o país; voto no mercosul contra a opinião do congresso, e o que eles consideram o mais grave: a matança de Curuguaty, ocorrida na semana passada, onde dezessete morreram.
O presidente se prepara para sua defesa. Ele terá duas horas para responder às acusações e a partir de então será decidido o destino do seu mandato.
Golpe no Paraguai
Há duas décadas sem ditadura e apenas três anos livre das forças que governaram o país por ininterruptos sessenta e cinco anos, o Paraguai e sua jovem democracia volta a sofrer amaça de um golpe autoritário.
O presidente Fernando Lugo, eleito pelo voto das camadas mais populares, como trabalhadores do campo e indígenas, enfrenta uma crise contra a qual conta com apenas um voto, dos setenta e três da câmara dos deputados. No senado, a situação não é diferente. A base parlamentar do presidente, formada pela aliança que o elegeu, denominada "Aliança Patriótica para el Cambio" encontra-se extremamente dividida. A nove meses das eleições presidenciais, o que era uma ampla aliança, se fragmentou em cinco pré-candidatos, sendo um deles, o atual vice-presidente do país.
Apesar do escasso apoio político no congresso é nos movimentos populares que se encontra a principal força sustentadora do presidente Lugo.
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